A gramática da Língua Portuguesa, convenhamos, não é das mais fáceis. São conjugações estranhas, regras intermináveis e classes de palavras que dão um trabalhão pra serem memorizadas. Algumas palavras tão fáceis de se falar, mas tão difíceis na hora em que precisamos escrevê-las!

Já se perguntou alguma vez a mesma coisa que o título? “Por que existem tantos porquês?” Certamente sim. E cada vez em que vou explicar esse assunto aos meus alunos, alguém faz a mesma brincadeira. A resposta? Não sei. Acho que ninguém sabe. Mas isso é o interessante, a Língua Portuguesa tem seus mistérios.

Uma dessas palavras é o famoso “por que”. Utilizado diversas vezes por dia na fala, ele costuma confundir todo mundo na hora em que é preciso escrevê-lo. Junto ou separado? Com ou sem acento? Para facilitar a memorização das regras que nos dizem como e quando escrevê-lo, preparamos para você algumas dicas. Fique de olho e escreva ainda melhor!

Tenho certeza de que, em algum momento da sua vida escolar, você já ouviu essa regra: “por que é para perguntas, e porque é para respostas”. É uma boa regra para se começar, mas a coisa não para por aí. São quatro os tipos de “porque” existentes na Língua Portuguesa: porque, porquê, por que e por quê. Veja quando devemos utilizar cada um deles:

a) Por que

Esse é o mais fácil. Primeiramente, usa-se sempre em perguntas. Só que é preciso saber que não perguntamos apenas quando usamos ponto de interrogação. Às vezes, algumas perguntas estão “camufladas”. Esse tipo de pergunta é chamada de interrogativa direta. Portanto, o por que aparece nas interrogativas diretas e indiretas. Veja:

Ex: – Por que você está tão cansada? (Interrogativa direta, tem ponto de interrogação)

– Conte-me por que você está tão cansada. (Interrogativa indireta, sem ponto de interrogação)

Viu só? No caso da interrogativa direta, o ponto de interrogação não aparece, mas sabemos que a frase está pedindo uma resposta, portanto, é interrogativa.

Existe algum caso em que se possa utilizar o por que sem ser uma pergunta? Sim, apenas um. Quando eu posso substituir por pelo qual, pela qual, pelos quais ou pelas quais. Se você conseguir trocá-lo por uma destas palavras, não tem erro: é separado.

Ex: – Os problemas por que passei foram muitos. (pelos quais)

– A estrada por que viemos estava em mau estado de conservação. (pela qual)

Agora vamos para o próximo:

b) Por quê

Continua sendo separado, mas agora com acento. A regra é a mesma do anterior: sempre em interrogativas diretas e indiretas, ou seja, para perguntar. A diferença está no lugar em que ele se localiza na frase. Ele será acentuado quando aparecer em final de pergunta ou enquanto expressão isolada. Expressão isolada é quando o por que, sozinho, constitui uma frase. Veja:

Ex: – Está chorando por quê? (final de frase)

– Me disseram que amanhã sairemos mais tarde. Por quê? Ninguém avisou nada! (expressão isolada)

Nos dois casos (do “por que” e “por quê”, vale memorizar uma regrinha que ajuda muito: Perguntou? Separou. Encostou no ponto? Acentuou. Portanto, sempre que for uma frase interrogativa o por que será separado, e se for encostado no ponto (final de frase ou isolado) levará acento.

Ainda faltam dois importantíssimos:

c) Porque

É utilizado nos seguintes casos:

Respostas

Ex: – Por que ela faltou?

Porque estava com dor de cabeça.

Frases explicativas, quando pode ser substituído por pois:

Ex: – Preciso me apressar porque tenho reunião em meia hora. (pois)

E agora, (ufa!) o último:

d) Porquê

Esse não tem erro: geralmente, vem precedido do artigo “o” (ou “os“), e pode ser substituído pelas palavras “causa”, “motivo”, “razão”. Conseguiu substituir por alguma? Vai acento e escreve-se junto. Veja:

Ex: – Você vai me contar direitinho o porquê do não-cumprimento do prazo.

– Ele não sairá daqui sem explicar o porquê da confusão.

Parece que complicou mais do que ajudou? Essa é a primeira impressão sempre que lemos uma porção de regras gramaticais ou ortográficas de uma vez só. Sugira que você retome esse texto e leia devagar, procurando memorizar individualmente os casos acima. Não consegue gravar as regras? Tente memorizar exemplos. Algumas pessoas aprendem melhor quando pensam em frases, exemplos, e não na parte teórica. Veja qual estilo de aprendizagem melhor se adapta a você.

Escrever bem é super importante. Por isso, aproveite para aprender mais esse segredo da nossa Língua Portuguesa e fique cada vez mais super!

Professora de Língua Portuguesa e Língua Inglesa, especialista em Língua Portuguesa e Literaturas pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória - PR. Mestre em Estudos de Tradução pela Universidade Federal de Santa Catarina.





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