Você certamente já ouviu falar sobre a neurociência e suas implicações em nossa vida pessoal e profissional. O universo da neurociência oferece algumas ideias e conceitos que podem gerar melhorias às nossas habilidades de gestão de conflitos, relações interpessoais, bem como tornar nossas atividades mais produtivas. Ainda, explica o porquê de certas atitudes que não conseguimos entender.
“Se você não estiver preparado para errar, nunca fará nada de original”
E vamos errar, de uma forma ou de outra…Calma, isto não é um incentivo ao erro. Vamos explicar melhor! Com esta frase, David Cuadrado Salido iniciou sua conversa sobre “Competência social na gestão de conflitos”, no Fórum de Secretárias & Assistentes da Alta Direção. Com ênfase na neurociência, explicando como e quando nosso cérebro atua de forma decisiva nos processos cotidianos, tais como os de tomada de decisões, convivência, atitudes no ambiente social pessoal e profissional, ele explicou que, muitas vezes, independente da nossa vontade, os erros podem ocorrer.
O cérebro humano é o grande responsável por nossas atitudes e tomadas de decisões. A forma como cada um responde a determinado estímulo pode ser diferente, de acordo com a maneira como o indivíduo processa as informações. Algumas pessoas atuam de forma auditiva, enquanto outros são visuais, e outros, ainda, cinestésicos.
Os indivíduos que atuam de forma auditiva processam bem estímulos sonoros. Os visuais, precisam de imagens e outros estímulos de observação para ter uma boa resposta. Já os cinestésicos, costumam ser muito ativos e precisam manipular objetos, realizar atividade para bem processar uma informação. Dependendo do canal de atividade, o tempo levado para processar as informações varia. A maioria das pessoas são cinestésicas, e por isso precisam de mais tempo para assimilar uma informação. Quem tem o canal auditivo, processa uma informação em três segundos, visuais, quatro, e cinestésicos, cinco.
Identificando tais diferenças, é possível minimizar diferenças dentro da equipe no momento em que determinada atividade estiver sendo realizada. Se seu colega demora muito mais do que você para realizar uma atividade, pode ser que ele seja cinestésico e você não. Já disseram que você demora para “processar” a informação e não sossega um segundo para prestar atenção? É possível que o cinestésico seja você. Portanto, às vezes, nossa conduta em determinadas situações independe da vontade própria…e depende dele: nosso cérebro!
Outra das artimanhas do cérebro, que dificulta nossa vida,é quando ele resolve “esconder” de nós alguns objetos, pessoas, lugares. Isto já deve ter acontecido com você: a tesoura estava na mesa…e sumiu! Você não tirou dali… olha debaixo da mesa, dentro da bolsa, por todo lado…e nada! De repente, seu colega olha para a mesa e lá está ela: a tesoura “perdida”! Ela estava ali o tempo todo… mas você simplesmente não viu!
Isto acontece porque nosso cérebro resolve “camuflar” a informação. Esta situação é a responsável pelo não-percebimento das mensagens. Explica o porquê de as grávidas verem outras grávidas na rua o tempo todo; você encontrar dezenas de outros carros da mesma cor que o seu, procurar incansavelmente por um objeto que estava na sua frente o tempo todo. Isso ocorre porque o cérebro gera uma dificuldade em identificar o elemento diverso, ou seja, estamos tão acostumados ao comum, que o “diferente” acaba passando despercebido. A imagem ao lado exemplifica bem o caso, o conhecido exemplo dos grãos de café. Você consegue identificar, em meio ao café, alguma imagem diferente?
Conseguiu?
Caso não tenha conseguido identificar nada de diferente, volte e encontre os rostinhos de bebê e as joaninhas.
Achou?
A dificuldade em encontrar os elementos diversos ocorre devido ao “senso comum” estabelecido pelo cérebro, que generaliza as imagens.
Nosso cérebro faz, ainda, com que alguns comportamentos sejam cristalizados e dificilmente (para não dizer impossível) modificados. os processos mentais indicam se seremos racionais ou emocionais, enquanto que nossa predisposição genética pode nos fazer assumidores ou evitadores de problemas. Estas são características que NÃO se alteram. Pessoas racionais serão sempre racionais, enquanto que o emocional sempre agirá primeiramente com seus sentimentos e depois com a razão.
Outro elemento importante do nosso corpo: o sistema límbico, o responsável pelo controle das emoções. Este o faz através dos hormônios. Ao mesmo tempo, é o sistema que motiva a ação.
Você não pode ir contra as emoções, mas pode identificá-las, nomeá-las, e provocar ancoragens para voltar a um estado emocional mais efetivo e poderoso, baseado nas próprias emoções. A ancoragem é um processo mediante o qual um estímulo externo produz um estímulo interno. Por exemplo, se você pensar na hipótese de que determinada doença poderia fazer com que você perdesse alguma pessoa querida, isto causaria sensação de perda, tristeza, mas também vontade de evitar que a hipótese se torne realidade. Assim, o estímulo externo (a suposta perda de alguém) causa um estímulo interno (a atitude).
A ancoragem pode ser voluntária, quando, baseados em emoções positivas, revivemos uma situação através de processos mentais, ocasionando atitudes supostamente positivas também. Este pode ser um processo benéfico, principalmente naqueles momentos em que estamos deprimidos. Como fazer isso? Feche seus olhos e pense em alguma coisa boa… o nascimento de um filho, uma viagem, o dia do seu casamento. Sonhe acordado! Reviva esta situação!
Para que tudo isto fique mais claro, o SSE entrevistou o David Cuadrado Salido, Psicólogo Industrial e Mestre em Gestão de Times. Acompanhem… e boa mediação de conflitos!
